segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

UPSTAIRS

UPSTAIRS Um Conto de Junior Aragaki
SP, 12/02/2012 Abri a porta do carro e ela entrou, o nó no meu estomago dobrou de tamanho e o coração quase explodiu de ansiedade. -"O que você esta fazendo Marcus Raizer? Pensei comigo, afinal ela é mulher casada. Carlinha fora minha namorada a exatos 20 anos. Nos encontramos na internet e resolvemos nos “reconhecermos” pessoalmente, afinal a vida dera muitas voltas. De uma jovem punk da periferia de São Paulo, Carlinha tornara-se biologa, e morava em Manaus com o marido e um casal de filhos. Eu havia morado no Japão, casado, separado e era redator publicitario. Ela vinha visitar a mãe em Sampa, entao criamos coragem depois de quase dois anos trocando e-mails e marcamos um encontro. Carlinha conservava um ar jovial, um belo corpo, mas principalmente aquilo que fizera apaixonar-me por ela 20 anos atras……….o sorriso…..um largo Sorriso (com “S” maiusculo mesmo), simplesmente arrebatador. Ela entrou no carro e iluminou meu dia, sorrindo para mim. A 20 anos atrás, eramos jovens punks da periferia paulista descobrindo o mundo, o amor. Sexo, drogas e punk rock! Nos conhecemos numa festa punk na casa de um amigo da Vila Carolina, ela estava de calça jeans rasgada, camisa branca de manga curta e suspensórios pretos. Ate hoje, quando penso nela, me lembro desta imagem. Eu ja havia trocado alguns olhares com ela na rua. O cabelo curto, raspado “joãozinho” me chamara a atenção. Infelizmente ela estava acompanhada de um playboy gótico, pelo menos fomos apresentados naquela noite. Alguns dias depois nos encontramos na Broadway, uma danceteria na Barra-Funda, ponto de encontro da galera antes de ir pro Madame Satã. A encostei num alambrado no corredor do bar e a entrelacei num longo beijo. Avidos, meus dedos exploravam sua pele lisa e macia debaixo da blusa, sua bocada era deliciosamente molhada. Ficamos um bom tempo naquele beijo, o primeiro e eterno. O beijo da morte, ou a descoberta do primeiro amor na vida de um homem, ou melhor na vida de um adolescente, ja que eu tinha apenas 16 anos. Naquela noite não fui pro Madame Satã, preferi acompanha-la na volta pra casa. Ela morava numa casa com uma escadaria ao lado de um pequeno portão num muro verde enorme, paralelo a rua nos fornecendo um otimo abrigo. Demos uns amassos na escadaria, tentei enfiar a mão dentro de sua calça mas ela me empurrou, era virgem e prometera não perder o cabaço antes dos 18. Fui embora com o coração e o pau em brasa. A partir deste dia, começamos a nos encontrar diariamente. Normalmente eu pulava o muro do EETAL, a escola estadual onde eu cursava o colegial e ia busca-la na saida da escola, na Lapa. Ficavamos nos amassos, faziamos de tudo naquela escadaria, mas nunca transamos de fato. E agora, 20 anos depois iamos para um motel dispostos a consumar a trepada reprimida por tantos anos. A cada semaforo, nos beijavamos apaixonadamente. Ela atacava meu pau por cima da calça. Acabei estacionando o carro em frente ao incrivelmente ainda verde muro. E ali naquela velha escadaria, nos beijamos, nos chupamos, nos lambemos, nos mordemos………….mas não nos comemos. Marcus Raizer

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