segunda-feira, 24 de agosto de 2009

A descoberta - um conto de Junior Aragaki


E então despertei.........
E mesmo de olhos abertos um véu negro cobria minha existência. Não havia nada, somente trevas.
Num instante apenas, uma fração de segundo, como num choque tudo voltou. Bem quase tudo. Eu não conseguia me lembrar quem era.
Fiquei ali, imóvel, sufocado, quase sem ar.
Tateando no escuro, o horror tomou conta de mim.
Ali naquela completa e silenciosa solidão, gritei desesperado! Dei conta de que estava dentro de um caixão. Enterrado. Enterrado Vivo.
Não sei ao certo quanto tempo fiquei ali. Alguns dias, meses, a eternidade?
O tempo estava congelado, e nem mesmo minha respiração eu ouvia. Eu não respirava.
No auge da angustia e loucura, comecei a esmurrar o tampo do caixão,que para minha surpresa, foi arrancado em um só golpe, como se fosse papel. Estava mais forte do que nunca, mas continuava sem saber quem eu era.
A terra invadiu meu esquife, caiu sobre meu rosto, e comecei a cavar, quando me dei conta, estava do lado de fora do caixao, em um grande tumulo. Era noite, e resolvi sair dali!
La fora uma chuva fina e gélida açoitou meu rosto. E mesmo com um frio cortante, tive uma imensa sensação de prazer.
Corri por entre os jazigos e por vezes parei para ler algum nome, no entanto o meu nome, meu próprio nome continuava sendo um mistério para mim. Não havia nada naquele tumulo que pudesse me identificar, nenhum documento nas roupas, nada. Porquê eu estava enterrado, o que havia acontecido comigo?
Pulei o imenso muro daquele cemiterio em busca da minha identidade.
Então algo inacreditavel aconteceu comigo. Eu estava voando, sim eu voava suavemente como se sempre fizesse isso. Flutuei sobre campos e florestas e me aproximei de uma pequena cidade, flutuando sobre os telhados, me sentindo fluir, dissolvido no ar gélido da madrugada.
Mas sentia cada ser embaixo de mim, respirando, palpitando, vivos, e sobretudo sentia o cheiro doce e metálico do sangue quente correndo em suas veias. E então tive fome. Muita fome. Algo incontrolavel me corroia por dentro, apenas dor, queimava como fogo, e eu só conseguia pensar naquele cheiro doce de sangue, sangue, somente isto poderia aplacar minha dor, minha fome. Naquele momento eu senti frio novamente, um raio gelado atravessou minha espinha.
Então era isso. Eu havia me tornado um vampiro.

Um comentário:

junioraragaki.blogspot disse...

meu primeiro conto sobre vampiros, clichezão, mas tinha que por no "papel' e esvaziar da cabeça, senão fico travado com estas ideias me massacrando!