segunda-feira, 3 de setembro de 2018

E então despertei.........
E mesmo de olhos abertos um véu negro cobria minha existência.
Não havia nada, somente trevas.
Num instante apenas, uma fração de segundo, como num choque tudo voltou. Bem quase tudo. Eu não conseguia me lembrar quem era.
Fiquei ali, imóvel, sufocado, quase sem ar.
Tateando no escuro, o desespero tomou conta de mim.
Ali naquela completa e silenciosa solidão, gritei desesperado! Dei conta de que estava dentro de um caixão. Enterrado. Enterrado Vivo.
Não sei ao certo quanto tempo fiquei ali. Alguns dias, meses, a eternidade?
O tempo estava congelado, e nem mesmo minha respiração eu ouvia. Eu não respirava.
No auge do desespero, comecei a esmurrar o tampo do caixão, e para minha
surpresa, em um só golpe, a tampa foi arrancada como se fosse papel.
Estava mais forte do que nunca. Mas ainda não sabia quem eu era.
A terra invadiu meu esquife, caiu sobre meu rosto, e comecei a cavar, quando
me dei conta, estava do lado de fora do caixao, em um grande tumulo.
Era noite, e resolvi sair dali!
La fora uma chuva fina e gélida açoitou meu rosto. E mesmo com um frio cortante, tive uma imensa sensação de prazer.
Corri por entre os jazigos e por vezes parei para ler algum nome, no entanto
o meu nome, meu próprio nome continuava sendo um mistério para mim. Não havia
nada naquele tumulo que pudesse me identificar, nenhum documento, nada.
Porque eu estava enterrado, o que havia acontecido comigo?
Pulei o imenso muro e fugi em busca da minha identidade.
Então algo inacreditavel aconteceu comigo. Eu estava voando, sim eu voava suavemente
como se sempre fizesse isso. Me aproximei de uma pequena cidade, sempre voando, flutuando sobre os telhados, me sentia fluido, dissolvido no ar gélido da madrugada,
mas sentia cada ser embaixo de mim, respirando, palpitando, vivos, e sobretudo
sentia o cheiro doce e metálico do sangue quente que corria em suas veias. E então tive fome. Muita fome. Algo incontrolavel me corroia por dentro, era dor, queimava como fogo, e eu só conseguia pensar naquele cheiro doce de sangue, sangue, somente isto
poderia aplacar minha dor, minha fome. Naquele momento eu senti frio novamente,
um raio gelado penetrou minha espinha. Então era isso. Eu havia me tornado um vampiro.

Escadaria Anti-Glamour - um conto de Junior Aragaki



Eu trabalhava no Bradesco Seguros com o meu xara Marcos Carnieto.
Companheiro do Madame Satã, Freguesia do Ó, e agora companheiro
de almoço, se é que dá pra se chamar de uma coxinha e meia cerveja de almoço, nossa rotina básica do almoço no Charme da Paulista, a lanchonete na esquina do Trianon. 1988. As sextas rolavam shows no vão do MASP. Concertos do meio-dia, se não
me engano.
Numa destas, após fumarmos um baseado sentados na mureta sobre o tunel
da avenida 9 de julho, vimos ao show do Secos e Molhados, e o Marcão chapado
era um ser totalmente engraçado, então dei muitas risadas dele imitando
e dizendo que o vocalista, maquiagem a escorrer pela cara, era o Nick Find, do
Alien Sex Find!!!
Infelizmente tinhamos apenas 1 hora de almoço e tivemos que retornar para o batente
antes do show terminar, o que me deixou puto, pois com um gravadorzinho K7 do paraguai, eu tentava gravar o show (o ruido ambiente melhor dizendo), que depois
eu duplicava e vendia com uma capinha feito de xerox em sulfite colorido, num
"selo" imaginario chamado Barba Azul. É claro que eu estava copiando os grandes
piratas undergrounds do K7 nos anos 80. O "selo" Capitão Gancho, que sempre
tinha fitas com os ultimos discos de punk rock e alternativos como Stiff Little Fingers ou Psychic TV. Os K7s que eu gravava ficavam uma bosta, imagine um gravadorzinho chulé, com um microfone embutido, e a unica forma de se conseguir distinguir algum som da banda do barulho da Paulista e do publico, era ficando o mais proximo possivel do P.A. Mas algumas vezes eu conseguia defender a cerveja do fim do dia. No Bradescão haviam varias pessoas, bossais como todo securitario consegue ser, mas que até se esforçavam pra ouvir algo diferente. E como eu era o MAIS diferente de todos, sempre acabavam comprando os K7s que eu gravara ou os LP's que eu "fazia rolo" nas Grandes Galerias.
Num dia meio chuvoso e portanto péssimo para se andar na Paulista, Marcão chega e mim: - Vamos colá lá no objetivo que preciso falar com a Claudia. Claudia japa, na época namorada de um outro amigo nosso, o Roberto da Freguesia do ó.
Fomos, a escadaria da Gazeta estava lotada de estudantes namorando, matando o tempo,
matando a aula, e jogando pelada com bola de meia. Engraçado ver aquela burguesada
suada, se matando atras de uma bola de meia.....
Demoramos a encontra-los, estavam no fundão conversando. Claudia japa e seu amigo
o na época Jhonny (hoje Jhonny Luxo).
Eu ja o vira algumas vezes na noite, Madame Satã, sei lá, mas me lembrei imediatamente
de outra cena com o Jhonny. Estavamos subindo a Augusta de elétrico, Marcão, Roberto, eu e o Bisão, indo para a Nation. Eis que ele entra no busão, de calça e jaqueta jeans e camiseta, passa a catraca e vem para a frente (naquele tempo os onibus de São Paulo eram o contrário, você entrava por trás e descia pela frente) e enquanto engata
uma conversa com o Roberto, começa a se montar, não me lembro ao certo qual era
o modelito, mas com certeza era algo bem engraçado, e se explica: - Meu pai(ou seria padrasto), fica puto e não me deixa sair montado!!!!!!
Voltando as escadarias do objetivo, ficamos um tempo ali conversando com eles, mas tinha que ser coisa rapida, pois ainda teriamos que voltar a tempo da coxinha com cerveja, então apressei a conversa: - Vambora Marcão, ou não conseguiremos passar
na lanchonete antes de bater o maldito cartão de ponto!!!!
- Podemos ir com vocês? Pediu a japa.
- Claro! Disse e ja fui saindo meio apressado.
Eu ia na frente com o Marcão, com a japa e o Jhonny logo atrás, quando chegamos no topo da escada e começamos a desce-la, a escada toda parou e começou a nos xingar de
viados, jogaram bolas e papel, e alguns cuspiram.
Desci a escada cego, chutanto tudo e todos que estavam pela frente, meti uma bica no material escolar de um casal, e me preparei pra brigar pois achava que os bostinhas
daqueles estudantes burguesinhos não iriam deixar barato. Deixaram.
Mas quando chegamos os quatro, a certa distancia da Gazeta, Jhonny Luxo nunca esteve
tão sem luxo assim. O coitado tinha uma escarrada verde na testa, e enojado tentava
se limpar com um lenço.







-

Em frente

Sigo à Vida
Sentado, cagando, lindo Bukowski
E sempre foi assim
A vida passando
E eu logo atrás
Correndo, cagando, lendo, escrevendo
É uma pena...
Que a vida passe tão rápido
Às vezes sinto que conseguirei alcançá-la
E quando estou quase lá
Alguma coisa me derruba
Mais uma vez
Levante e corra atrás
Trabalhando, escrevendo, lendo e cagando
Quantos quilos de merda produzimos durante toda a vida 

Você não é o que você come você é o que você caga 
Mesmo que coma flores no fim é tudo uma merda só.

Junior Aragaki SP/07/11/10

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Oração ao Colágeno.

               Ó Colágeno
                que mantém firme
                as nossas peles
                seja sempre abundante
                e não deixais despencar
                a nossa face
                dai-nos firmeza e sustentação
                e não nos deixei faltar
                a gelatina de cada dia.
                        AMEM.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Espaço Retrô

O Retrô tem historias sem fim! Em cada canto uma lembrança diferente!
Como a historia da Charot mijando debruçada na janela, o porre de Perfume de Gardenia feita pelo
Gringo que levou eu e o fotografo Sarra Jr e o Nick Cave, sim ele mesmo, a tomar glicose na Santa Casa.
Tinha a lojinha de cintos e acessorios do Eneas e Mauricio, que na época alem de Djs eram donos da
loja de discos e gravadora Cri Du Chat no shopping da alameda Casa Blanca, esquina da avenida Paulista.
Tinha a escadaria de carpet vermelho, a cabine de discotecagem, o telão, a pistinha quadriculada, o banheiro............ah o banheiro do Retrô.......
Juro que no começo havia luz no banheiro, isto antes da reforma que dobrou o tamanho da pista pra comportar o publico. Uma noite eu fumava um baseado no banheiro, havia um cubiculo com uma privada, e a porta tinha um respiro de treliças de uns 20cm x 20cm com um enorme buraco na parte de baixo, por onde viamos os movimentos das pernas de um casal que estava de pé, encostados na porta transando, ela havia abaixado a saia e a calcinha e caiu na bobeira de deixa-las escorrerem pra fora de seus pés, eu e todos que estavam ali, olhavamos excitados aquela cena, quando um Rockabilly que estava mijando ao lado enfia a mão pelo buraco e puxa pra fora a saia e calcinha da garota. Ele nos mostrou e entao jogou num canto do corredor ao lado da cabine de som.
Era uma mini saia quadriculada, branca e preta, igualzinha ao chão da pista. Imediatamente reconheci a dona da saia, uma garota que ja havia visto algumas vezes no bar.
Subi as escadas, e o primeiro cara que encontrei contei o acontecido e finalizando a historia disse:
- Ah era aquela garota da saia quadricula................Só entao me dei conta de que estava falando da namorada dele. Enguli seco minhas palavras e fui pro bar enquanto ele descia as escadas furioso.
Pedi um Perfume de Gardenia ao Gringo e ele como sempre caprichou no gim,  engatei uma conversa com o DJ Peque na saleta da escada  e então vejo o cara voltando, puxando a garota enrolada numa jaqueta jeans. Ela chorava. Ele passou por mim , parou, me encarou e disse: - Você perdeu uma otima oportunidade de ficar calado! E saiu em disparada arrastando a garota, sem a saia quadriculada.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Raiva

como diriam os Inocentes
a raiva vai nos salvar!
a raiva de ver a fome
num lugar onde "se plantando tudo dá"
a raiva que me tirou das ruas
a raiva que me tirou das drogas
aquel aperto no coração que
desce pra barriga gelando
tudo em seu caminho
a raiva que te faz caminhar
avançando sem olhar par trás
a raiva contra um sistema capitalista
comunista, estadista, anarquista, canalhista, roubalhista
aqui não há sistema, apenas o que lhes convém
"anger is an energy" disse o profeta do lixo Jhonny Rotten
Energia que te faz pensar
uma dedada no cu daqueles que não aceitam babar no próprio pé
sim, a raiva vai nos salvar
resta saber, se a raiva
nos salvará de nós mesmos.

Faz frio lá fora e não temos agasalho

se os olhos são o
espelho d'alma
o facebook é
o espelho da vida!
pena que ela aconteça
longe, fora dali
quando foi a ultima vez
que encaraste teus queridos
e olhando nos olhos disseste
- Eu te Amo!???
pena que a vida corre
o tempo passa e acontece
fora dali, fora da telinha
quando foi a ultima vez
que pisaste na grama molhada?
na terra, na areia?
aposto que a areia te incomoda
teus pés não estão acostumados
com a liberdade fora dos sapatos
assim como você não 
sabe viver fora da zona de conforto.


SEM TITULO

Ja tive odio de homens bem sucedidos
Ja odiei pessoas que não conhecia
Ja odiei quase todos os meus professores
Ja odiei o Leiteiro, o Padeiro, o Carteiro
Ja odiei as Testemunhas de Jeová
Ja odiei os macumbeiros, os católicos, apostólicos, romanos
Ja odiei minha mãe, meu pai, minha irmã, minha avó
Ja odiei o motorista do onibus, o cobrador
Ja tive odio dos meus vizinhos
do meu cachorro e da mulher do Yakult
Ja tive odio dos meus amigos, das minhas namoradas
Odeio o PT, PSDB, PMDB, BAKUNIN, DOSTOIEVISKI, BUKOWSKI
Ja odiei os moleques empinando pipa, andando de Skate, carrinho de rolimã
Ja tive odio de seu pai, sua mãe e dos teus filhos
Odeio o Sol, o Céu, o Mar, o Cio
Ja odiei os ciclistas, motorciclistas
motoqueiros, e torneiros-mecanicos
Ja odiei a vida, a morte
Ja odie tudo!
Menos Você!
Te amo!

domingo, 10 de junho de 2012

Engano

                                                                                              SP, 10/06/12
(Antes, durante, mas principalmente depois do show do Lixomania no Dynamite Pub)

Eu tava puto! Fazia mais de uma hora que tinha tomado a bala e não tinha batido.
Uma leve brisinha.........acho que foi mais o pega no beque la fora.
Pedi mais uma agua, sem gás e quente.
Porra nada de bater.......Tentei me animar um pouco..........curtir o som da banda.
Mas tava dificil, estava cansado depois de um dia bem atribulado.
E tome agua.
Fim do show, hora de ir embora.
Louco pra chegar em casa e dormir.
Abri o chuveiro e entrei.
Ai bateu!
Porra, achei que fora enganado.
Mas engando estava eu.
A porra bateu...........
Tarde mais bateu.......
Bateu agora....
Hora em que estava indo dormir..........
Porra não fode.......
Que lindo este edredon
O travesseiro mais macio do mundo, envolve minha cabeça........
Queria dormir.........
Mas houve um engano.


sábado, 24 de março de 2012

SILENT RxDxPx



SOBRE CHICO ANYSIO

Chorei quando o vi no jornal interpretando um de seus inumeros personagens.
Lembrei de quando era criança nos anos 70 e no domingo o inevitavel Fantastico da Rede Globo tinha um quadro com o humorista, eu não entendia muito bem aqueles comentarios sarcasticos e piadas acidas, mas me divertia muito vendo meus pais sorrirem, gargalhavamos juntos.
Teve tambem o disco do Chico Anysio, proibido para os menores, mas que eu colocava na vitrola, assim que meus pais viravam as costas. Com este disco eu aprendi que "Rola" era o mesmo que pinto. Escutei dezenas de vezes mas não me lembro de nada mais. Depois tinha a escolinha do Professor Raimundo, que me divertia no Japão com os VHS enviados pela minha familia numa epoca em que internet era sonho de ficção cientifica.
E teve o Bento Carneiro, Vampiro Brasileiro. O melhor vampiro de todos os tempos.
É Chico, voce me divertiu muito.
Muito Obrigado!
Junior Aragaki

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

DUVIDA

DUVIDA Um Conto de Junior Aragaki
SP/05/01/2012 De olhos fechados, Marcus sentia o passar do tempo pelo percurso do sol em seu rosto, devia estar deitado ali a pelo menos uma hora. Arriscou abrir os olhos. O clarão do Sol o cegou. Levaou a mão a testa, fazendo uma sombra, e na leve penumbra, contemplou o céu. Havia apenas uma pequena nuvem muito distante, e um azul profundo que agora contrastava com o vermelho do sol filtrado pelas palpebras. Ergueu o tronco e avistou o mar. Inspirou profundamente o cheiro salgado e animou-se com a sensação de bem-estar. A vara de pesca fincada na areia curvou-se tocando um pequeno sino. De um pulo, Marcus pegou a vara, soltou a carretilha e “deu” linha. Sentia nas pontas dos dedos a linha sendo puxada, e pela pressão percebia que era um peixe grande. Travou a carretilha e deu um leve golpe pro lado esquerdo, sentiu um leve trance na linha e o peixe estava fisgado. Marcus começou a enrolar a linha, virava lentamente a carretilha, enquanto dava algumas fisgadas com a vara, sempre pro lado esquerdo. Depois soltava um pouco a linha, deixando o peixe ir longe, travava por alguns minutos e novamente enrolava a linha, cada vez mais perto da areia da praia. Atras de uma onda, emerge um dorso prateado, lutando com o anzol espetado em sua boca. Apesar do sol quente, o suor escorria gelado sobre o rosto de Marcus. Ele concentrava todo seus esforços para tirar aquele peixe do mar. Vencido o peixe entregou-se boiando de barriga para cima. Marcus enrolou a linha o mais depressa que pode, e ali estava, um belo jantar. Ele retirou o anzol e espetou uma faca entre os olhos do peixe, que debateu-se por poucos segundos. Marcus arrancou um pouco de capim, passou pelas guelrras do peixe fazendo uma alça de transporte, e foi embora feliz pensando como prepararia o peixe para sua amada. Junior Aragaki

UPSTAIRS

UPSTAIRS Um Conto de Junior Aragaki
SP, 12/02/2012 Abri a porta do carro e ela entrou, o nó no meu estomago dobrou de tamanho e o coração quase explodiu de ansiedade. -"O que você esta fazendo Marcus Raizer? Pensei comigo, afinal ela é mulher casada. Carlinha fora minha namorada a exatos 20 anos. Nos encontramos na internet e resolvemos nos “reconhecermos” pessoalmente, afinal a vida dera muitas voltas. De uma jovem punk da periferia de São Paulo, Carlinha tornara-se biologa, e morava em Manaus com o marido e um casal de filhos. Eu havia morado no Japão, casado, separado e era redator publicitario. Ela vinha visitar a mãe em Sampa, entao criamos coragem depois de quase dois anos trocando e-mails e marcamos um encontro. Carlinha conservava um ar jovial, um belo corpo, mas principalmente aquilo que fizera apaixonar-me por ela 20 anos atras……….o sorriso…..um largo Sorriso (com “S” maiusculo mesmo), simplesmente arrebatador. Ela entrou no carro e iluminou meu dia, sorrindo para mim. A 20 anos atrás, eramos jovens punks da periferia paulista descobrindo o mundo, o amor. Sexo, drogas e punk rock! Nos conhecemos numa festa punk na casa de um amigo da Vila Carolina, ela estava de calça jeans rasgada, camisa branca de manga curta e suspensórios pretos. Ate hoje, quando penso nela, me lembro desta imagem. Eu ja havia trocado alguns olhares com ela na rua. O cabelo curto, raspado “joãozinho” me chamara a atenção. Infelizmente ela estava acompanhada de um playboy gótico, pelo menos fomos apresentados naquela noite. Alguns dias depois nos encontramos na Broadway, uma danceteria na Barra-Funda, ponto de encontro da galera antes de ir pro Madame Satã. A encostei num alambrado no corredor do bar e a entrelacei num longo beijo. Avidos, meus dedos exploravam sua pele lisa e macia debaixo da blusa, sua bocada era deliciosamente molhada. Ficamos um bom tempo naquele beijo, o primeiro e eterno. O beijo da morte, ou a descoberta do primeiro amor na vida de um homem, ou melhor na vida de um adolescente, ja que eu tinha apenas 16 anos. Naquela noite não fui pro Madame Satã, preferi acompanha-la na volta pra casa. Ela morava numa casa com uma escadaria ao lado de um pequeno portão num muro verde enorme, paralelo a rua nos fornecendo um otimo abrigo. Demos uns amassos na escadaria, tentei enfiar a mão dentro de sua calça mas ela me empurrou, era virgem e prometera não perder o cabaço antes dos 18. Fui embora com o coração e o pau em brasa. A partir deste dia, começamos a nos encontrar diariamente. Normalmente eu pulava o muro do EETAL, a escola estadual onde eu cursava o colegial e ia busca-la na saida da escola, na Lapa. Ficavamos nos amassos, faziamos de tudo naquela escadaria, mas nunca transamos de fato. E agora, 20 anos depois iamos para um motel dispostos a consumar a trepada reprimida por tantos anos. A cada semaforo, nos beijavamos apaixonadamente. Ela atacava meu pau por cima da calça. Acabei estacionando o carro em frente ao incrivelmente ainda verde muro. E ali naquela velha escadaria, nos beijamos, nos chupamos, nos lambemos, nos mordemos………….mas não nos comemos. Marcus Raizer

domingo, 6 de novembro de 2011

BLUE

Larica é um troço esquisito mesmo! Abri a geladeira, e lá estava ela. Os restos duros da gelatina que fiz pro meu filho. Tutti-Frutti azul avatar. Só aquela parte dura, que fica no fundo da tigela. São 2:00 da manhã e to indo deitar feliz, com a língua azul. Junior Aragaki SP, 12/04/2011.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Sobre o Madame Satã

é porque é impossivel reviver o Madame Satã, ele só existiu ali, naquele momento nos anos 80, pós-ditadura, foi um momento unico de descobertas, expansões em todos os sentidos, musicais, culturais, drogas, arte, sexo. E acabou com a chegada dos 90s, importação liberada, internet. Antes garimpavamos cultura, principalmente musica, agora ta tudo ai na cara, a um click no computador, então virou um suco misto, com tudo misturado e acessivel e o verdadeiro espirito do Satã, a busca por algo novo, acabou diluida no liquidificador do tempo.

domingo, 11 de setembro de 2011

A ida dos que não voltaram, ou a volta dos que não foram?

Crise de meia idade.
Talvez seja falta de tempo. A eterna desculpa pra tudo.
Eu acho que é o tempo. A vida passando, escorrendo
por nossos dedos. E como a vida passa rapido.
Quando estamos entre amigos, amigos verdadeiros, é
como se o tempo não existisse, é como se o ultimo
encontro, o ultimo brinde estivesse congelado em
nossos corações. Porque por mais que o tempo passe,
o que fica, e o que realmente importa são os bons momentos.
Amigos um brinde de boa sorte a nossas empreitadas, novas
velhas, eternas! Vos Saudo!
Junior Aragaki
SP - 11/09/11

terça-feira, 24 de maio de 2011

E se o mundo tivesse acabado no sabado passado?

As vantagens se o mundo tivesse acabado sabado.....
A estas horas ja teríamos descoberto se Deus existe.
Se realmente existe algo após a morte.
Mas o principal..............A possibilidade de nunca mais escutar funk carioca, visto que no Céu, só rola Harpa!!!!
E se eu for pro Inferno?!!! Putz, ainda não tinha pensado nesta possibilidade.
E seu eu chegar la e estiver rolando um bonde qualquer!!!!!!
E se alguém gritar: Si Zóga Beee!!!!!
Ufa!!! ainda bem que o mundo não acabou!!!!!

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Saturação

Saturação

um conto de Junior Aragaki


Carlos Sergio abriu os olhos no escuro de seu quarto.
Olhou o relógio, 03:21, tinha que levantar as 06:45.
Virou para um lado, para o outro, tentou dormir
mas passou o resto da noite pensando na vida.
Uma bela vida, afinal era musico como sonhara
desde criança, e muito bem pago como acompanhante
de uma cantora pop brasileira.
Lembrou emocionado de como seu pai suou a camisa
para que ele se dedicasse em tempo integral
ao estudo musical. E foram anos de estudo, ainda que
Carlos Sergio tivesse a grande virtude de ter ouvido absoluto.
Ele era capaz de identificar uma pequena desafinada em
qualquer instrumento, incluindo a voz humana.
Chorou de saudades do pai, um ótimo violonista, que
morrera de um infarto fatal, as vésperas do Ano Novo,
enquanto Carlos Sergio fazia um curso de orquestração na Itália.
Não havia passagem para que chegasse a tempo do enterro, e
questionado por uma tia ao telefone, se deveriam embalsamar, congelar
o defunto para esperá-lo, Carlos Sergio responde:
- Meu pai era a pessoa mais quente que eu conhecia! E continuou:
- Seria um pecado fazer dele um picolé.
- Enterrem logo! Sentenciou enfatico.
Estava mergulhado nestas lembranças quando o rádio-relógio despertou
sintonizado numa estação de noticias.
Carlos Sergio fechou os olhos fingindo estar dormindo.
Terezinha sua esposa levantou, tinha que levar as crianças pra escola antes
de deixa-lo no aeroporto.
Deixou que ele dormisse mais um pouco. Minutos depois beijou-lhe as
faces gentilmente.
Carlos Sergio manteve os olhos fechados. Era uma ótima sensação ser acordado
aos beijinhos. Carlos Sergio abriu os olhos e disse:
- Não vou neste turne! Cansei destas musicas mediocres!
- Carlinhos, levanta logo que preciso levar as crianças e to atrasada!
Terezinha parou junto a porta: - To saindo Carlinhos, levanta logo que
você tem que estar no Aeroporto as 10:00 hs!
Carlos Sergio espreguiçou e disse:
- To falando sério. Pra mim Chega! Não trabalho mais com ela!
- Carlinhos to saindo! Levanta logo. Terezinha disse e saiu apressada.
40 minutos depois ela abre a porta do quarto e encontra Carlos Sergio deitado,
na mesma posição.
- Amor vocé vai perder o vôo! Terezinha puxa o cobertor, tentando
espulsa-lo da cama.
- Ja disse que não trabalho mais pra ela. Não dá mais! Esbravejou Carlos Sergio.
- Você ta falando sério? Terezinha estava ficando preocupada.
- Sérissimo! Agora me deixa em paz, preciso dormir.
Carlos Sergio trancou a porta do quarto, e se recusou a atender os telefones
do empresario, e da propria cantora.
Terezinha, pediu desculpas dizendo que Carlos Sergio estava passando mal, mas
que embarcaria no próximo vôo, pegou uma copia da chave e abriu a porta do
quarto.
- Levanta Carlos Sergio, você tem que cumprir suas responsabilidades!!!
Carlos Sergio levantou-se de um só pulo.
- Prefiro morrer! Disse enfático.
A mulher só o levou a sério, quando ele subiu na mureta da sacada do apartamento
no 11º andar, e ameaçou se jogar.
- Carlinhos meu amor, pelo amor de Deus, desce dai! Vem, me dá a mão! Pedia
Terezinha entre lágrimas.
Carlos Sergio pensou, baixou a cabeça e esticou os braços em direção da esposa.
No mesmo instante começa a tocar o grande hit da cantora no rádio-relógio.
Carlos Sergio desespera-se:
- Escuta isto, esta tocando esta merda num canal sério, num canal de noticias!
No dia seguinte, em vários jornais brilhava a noticia em primeira página......
" Maestro morto pela promiscuidade da música brasileira".




SP, 22 de abril de 2011 - Junior Aragaki

segunda-feira, 18 de abril de 2011

domingo, 17 de abril de 2011

Virada Cultural 2011

globalização, a tal globalização..............
a virada cultural foi apenas um mar de indefinições.........sonoras e humanas!!!explico:
antigamente roqueiro era roqueiro, punk era punk, pagodeiro era pagodeiro.........
ai veio a globalização (vulgo www) e passou tudo num rolo compressor...o modem talvez, espremendo culturas e costumes e virou uma pasta.....sem alma, entao durante o show LOTADO do Misfits, as pessoas não estavam interessadas no show, apenas queriam se mostrar diferentes, especiais, unicas, e foda-se o show, vamos ficar conversando aos berros!!!
Milhares dirão.......eu fui no show do Misfitis.......mas tão poucos realmente ouviram o som.....que era o mais importante........mas apareceram em milhares de fotos e videos fazendo sinal de heavy metal!!!!!!!deprimente este mundo moderno......

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Os melhores são apenas bons!

Os melhores são apenas bons!
(para a Infantaria)

O Capitão Leme tinha uma fascinação particular pelo brilho dos coturnos
de seus comandados. Em qualquer situação, chuva, lama, poeira, combate simulado,
se ele visse um par de botas mal cuidado, revogava a folga no fim de semana do militar.
Uma vez, toda a Cia estava em forma aguardando instruções, então ele nos contou uma história:
- Meu pai, senhores, foi sargento da FEB na Itália, foi ferido em combate duas vezes,
matou dezenas de inimigos, passou fome, frio, quase perdeu os pés congelados, e quando lhe perguntei qual a coisa mais impressionante que ele viu na guerra, ele respondeu:
- As botas dos nazistas! As vezes, após um combate aproximado, quando conquistávamos terreno, passávamos pelos corpos dos nazi ali jogados, mortos,
não havia brilho em seus olhos, mas as botas, estas sim, estavam sempre brilhando.
Assim noss kit básico de sobrevivencia, sempre contava com graxa, escovão e flanela,
e os coturnos da 2ª Cia, eram os mais brilhantes do quartel.


Junior Aragaki

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Essência

Esta semana o Pré-Feito Kassab mandou a policia retirar a força, os artistas de rua que
labutavam na avenida Paulista.
Prenderam o Rafinha, simpático guitarrista, quê, de patins, alegrava a esquina da Rua Augusta.
Gente fina, certa vez apareceu num churrasco em casa, quando tocava
no Bando da Lua do Neto Trindade.
Meu filho Fernando, encantou-se no Circo Espacial, com seus movimentos aéreos no tecido.
E a policia o prendeu!
Jogou seu instrumento de trabalho, a guitarra no chão.
Apenas porque ele apresentava sua arte.
Triste sina de uma metrópole. São Paulo.
Terra tão querida e amada, que esta sendo proibida de exibir
os frutos de seus filhos.
A Arte é essência da vida.
E como essência, só pode ser desfrutada livre, solta no ar.

Ok Dona Maria

OK Dona Maria
Maria Arminda
Pró-reitora da USP
Vamos desalojar o IAC (Instituto de Artes Contemporânea)
Fora o acervo……
Jogue as obras na rua!
Não Maria Arminda
Não da pra jogar arte na rua
O Pré-Feito mandou prender os artistas de rua
Ok Kassab!!!
Pode mandar prender a Pró-Reitora
Maria Arminda

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Viva

Finados.
Dia dos mortos
para aqueles que tem mortos a velar.
Tenho muitos.
Quem não tem?
Brindo aos mortos!
Mas não com tristeza ou lágrima.
Não com flores no túmulo ou velas no altar.
Eu os saudo com alegria, relembrando
os bons momentos, as alegrias
e histórias vividas, eu os agradeço
por tudo o que me ensinaram.
As vezes relembro os maus momentos tambem.
Afinal, se estou saudando algum morto,
é porque ele foi........é importante pra mim.
E viva os meus, viva os seus!!!!!
Viva os mortos!!!!!

Junior Aragaki, SP, 03/11/10

domingo, 10 de outubro de 2010

Horizonte

Eu tinha 4 ou 5 anos. Férias em Olímpia, na casa de minha avó.
Sempre iamos visitar a irmã dela, a "Tia Olinda", no outro lado da cidade
e para incrementar o passeio, vovó sempre chamava o Serviço Municipal de Charretes.
Elas tinham as partes metálicas bem polidas e brilhantes, meia-capota de napa
e os cavalos sempre garbosos, trotavam ruidosamente pela rua
de paralelepipedos.
A esquerda ia o charreteiro, chicote na mão, depois eu, minha irmã e na outra ponta, minha avó.
Era muito divertido e diferente para uma criança urbana, um passeio daqueles.
Mas o mais incrivél, é que sentado no meio da carroça, minha principal
visão, meu horizonte era a bunda do equino.
Foi a primeira vez que vi um cú, e era o cú de um cavalo, literalmente um cuzão.
No meio do percurso, sempre ao lado da praça da Igreja Matriz, ele sequer parava de trotar, simplesmente levantava o rabo e cagava.
Meu pai certa vez disse que era esterco, apenas capim processado, e que podiamos
usá-lo como adubo nas plantas. Para mim era apenas bosta de cavalo. Mesmo assim
eu seguia aquelas pequenas viagens fascinado, olhando aquele cuzão produzindo
esferas idênticas, de um verde-oliva que jamais esquecerei.
Do cheiro.............juro que não lembro.

domingo, 22 de agosto de 2010

Hibridos

Junior Aragaki SP, 22/08/10.


Cresci com algumas historias, que, pela falta de credibilidade das pessoas,
com o tempo, comecei a achar que eram mitos, frutos da minha imaginação.
O primeiro deles, era a Ilha dos Thunderbirds (na época em que ainda eram
simples bonequinhos). Era linda, de plástico, com todas as naves, a piscina
abria-se para ofoquete decolar, tinha a rampa pela qual escorregava
o submarino, era idêntica a da série.
Mas acho que só eu tive este brinquedo, para todos que eu contava sobre
a ilha, aquilo era mentira, jamais houvera tal brinquedo no Brasil.
No meio da mixagem de mais um filme porno pra Band, aparece uma ilha igual,
num shopping, onde os personagens se conhecem, eu comento com o Renato,
Tecnico de manutencao: - Puta merda, eu tive uma ilha destas!
- Eu tambem! Disse ele euforico. - Você é a primeira pessoa que eu conheço que
teve a ilha. Eu não acreditava, finalmente alguem que poderia atestar minha historia.
E quando garoto, eu assistia ao Bozo no SBT, e ele atende o telefone, ao vivo, direto dos estudios da vila Guilherme: - Alo amiguinho, com quem eu estou falando? Uma voz infantil, bem fininha responde entre risadas:- É o Bozo? hihihih
- Isto mesmo amiguinho, aqui é o Bozo!
- Então vai tomá no cú, fila da puta! Tummm, tummm tummm tummmmmm, e desligou o telefone na cara do palhaço.
Sempre que comentava este caso, me diziam que eu estava delirando, que era lenda urbana.
Certo dia, tomando café na praça de alimentacao do SBT, contei esta historia, e o Rubão, sonoplasta, me diz: - É verdade sim, quase me mandaram embora por causa disto, me chamaram na supervisão e perguntaram porque eu havia deixado passar
este telefonema, porque eu não cortei o sinal do hibrido? (sistema que permite por no ar
o telefonema).
Mas como é que eu ia adivinhar que o moleque ia mandar o Bozo tomar no cú, e foi tudo tão rapido, que não deu tempo de fechar o canal do hibrido, me disse, e juntos, caimos
na rizada.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Levanta e anda.

Um conto de Junior Aragaki



-77 anos Romeu, 77. E a 18 que você não funciona amigão!
Romeu olhava seu pau mole, em suas mãos.
E nada havia, que o fizesse reagir. Um dia ele simplesmente deixou de “trabalhar”, morreu,
Romeu estava brocha. 18 anos, sem ter outra utilidade pra seu pênis, senão mijar.
Por mais que soubesse que o marido era impotente, Matilda, de tempos em tempos, usava todo seu repertorio de caricias e preliminares para fazer o marido voltar a ser o amante criativo e ativo de tempos passados.
Um dia, apos um ataque sexual mal sucedido de Matilda, Romeu sentou-se na cadeira de balanço da varanda e chorou de desgosto.
- Vô, o que aconteceu? Pergunta Neto preocupado. Posso ajuda-lo?
- É a velhice Neto, hoje eu não passo de um velho brocha.
- Sua avó, sabe, sempre foi uma mulher muito fogosa, e tem suas necessidades sexuais, e eu não posso mais satisfaze-la! Imagina como isso é duro pra mim.
- Pó vô, porque o senhor não toma uma pílula azul?
- Pílula azul, o que é isto?
- Viagra vô, já ouviu falar?
- Li no jornal, mas será que funciona mesmo?
- Vô, vai num medico. Eles só vendem estes remédios com receita, e alem disto, o medico tem que ver como esta seu coração. Dá uma batedeira!
- Você já tomou Neto?
- Já vô, já tomei sim!
- Mas você é tão novo, já precisa?
- Não vô, tomei pra ficar mais tempo na ativa! Eu estava com uma gata maravilhosa e fiquei inseguro.
- E funciona?
- E como! Mas vai ao medico vô. Neto da um abraço no velho e sai apressado.
No dia em que foi receber a aposentadoria, Romeu ligou pro Doutor Ambrosio, um velho amigo, e pediu pra passar rapidamente, pra uma breve consulta.
- Romeu meu velho. Você esta muito bem. Só me preocupa o seu coração. Tem tomado os remédios?
- Tenho, claro, mas eu queria te fazer uma pergunta?
- Ora diga meu caro?
- Você acha que eu posso tomar viagra? Meu Neto me disse que era infalível, quem sabe não consigo ressuscitar o morto?
- De jeito algum Romeu, não acabei de dizer que estou preocupado com seu coração? Aquela arritmia continua, e pra dizer a verdade, aumentou consideravelmente.
Romeu voltava arrasado pra casa, e desolado, resolve parar num bar do centro pra afogar as magoas em alguns copos de cerveja.
Sete copos de cerveja e dois steinheger depois, Romeu chorava inconsolável junto ao balcão do bar.
- O que foi meu senhor? Perguntou o barman, levantando a cabeça de Romeu.
- Eu não sou mais homem! Entende, to brocha, meu pau não levanta mais! Que merda!
- E o pior, meu medico me proibiu de tomar esses novos medicamentos, porque sou doente, tenho o coração fraco.
- E por que você não tomo por conta própria? Perguntou um bêbado ao lado?
- Eu não tenho receita.
- E quem precisa de receita? É só ir ali nos camelôs, eles tem e vendem pra qualquer um!
Romeu pagou a conta, e meio cambaleante foi procurar os camelôs.
Na terceira barraca, Romeu guarda no bolso do paletó, as tão sonhadas pílulas.
No ônibus, de tempos em tempos, Romeu apalpava o bolsto, certificando-se que seu tesouro estava ali protegido. Estava nervoso com a idéia de voltar a sentir prazer depois de tanto tempo.
Pela janela do ônibus, Romeu avistou a mal afamada placa em néon: SHANGRI-LÁ – Drinks for Men.
Desceu no próximo ponto, pegou duas pílulas e as engoliu, a seco.
- Quanto é o programa? Perguntou ao porteiro
- Aí o senhor combina com as minina, eu num sei de nada não. Aí vovô, o senhor num ta meio véinho pra cair na balada hein?
- E o que você tem com isto, o importante é ter dinheiro, não é? E foi entrando.
- Pérai vovô, tem que colocar esta pulseira, essa chave é do seu armário, e tudo o que o senhor consumir será marcado com este numero. Pode entrar.
Romeu entrou no puteiro. Aquele cheiro o fazia lembrar de outros tempos, quando era mais jovem, e estava no auge de sua masculinidade.
Era incrível como o cheiro daquele tipo de lugar, era sempre o mesmo, onde quer que você estivesse. Uma mistura de essência de eucalipto, perfumes baratos, suor e sexo, encobertos com uma pesada manta de mofo.
Sentou junto ao balcão, e estranhou ali não ter cheiro de limão, as caipirinhas estavam sumindo, hoje só tomavam whisky com energéticos.
- Você tem alguma cerveja especial? Perguntou ao barman.
- Não senhor, só tem da comum mesmo.
- Me dá uma, bem gelada.
- Oi, ta afins de companhia querido?
Romeu olhou pro lado, e gelou perante a exuberância da mulata.
- To sim, qual seu nome?
- Digamos que seja Dri. E é cento e cinqüenta, antes que me pergunte.
- Feito! Mas já te aviso, a muito tempo que meu amigão aqui não funciona. 18 anos , e hoje resolvi tomar aqueles remédios pra ajudar...
- Ah!!! Mas comigo vai funcionar, você vai ver benzinho!!!! Vamos?
- Vamos. Romeu suava frio. – Quantos anos você tem?
- Digamos que nasci quatro anos antes do seu pau parar de funcionar.
Ao final do strip-tease da gata, Romeu sentia que seu coração ia explodir, mas o amigão não se manifestava.
Bom isto ate a mulata começar a acaricia-lo, timidamente o amigão de Romeu despertava para o mundo!
E na boca da garota, ficou duro, ereto, latejava como se fosse explodir.
Uma lagrima de alegria escorria do olho de Romeu. – Milagre pensava ele, milagre.
Ele teve o melhor sexo de sua vida, nunca antes havia sido tão intenso, tão duradouro e prazeroso. Ao final, na hora do gozo, o coração de Romeu não agüentou.
Morreu. Romeu morreu.
Mas morreu feliz e de pau duro, era visível o sorriso em seu rosto.
Ao ser informada das circunstancias da morte de Romeu, Matilda não se conteve:
- Bem feito, bem feito!!!!
E atirou-se ao chão, esmurrando o próprio peito.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Caridade

Era um mendigo diferente.
Atirado a um canto da rua,
mãos estendidas a esmolar.
Pelos calos das mãos e musculos
bem formados dos braços, via-se
claramente não ser aquele,
um pedinte qualquer.
Era apenas mais um trabalhador
brasileiro, a mendigar dignidade.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Hombridade

- E isto lá é coisa que se deseje a um filho? Disse ela puta da vida!
- Pra ser homem, eu não acho que ele precise servir o exercito!
- Ah se depender de mim vai servir sim! Eu servi, virei o zóio,
e tô aqui, vivo! Alias, meu pai serviu, meu avô serviu, e por mim ele também! E Infantaria, ele que não invente moda de querer ser comunicante, ou marinheiro. Tem que ser Infante, pé de poeira.
- Mas eu não acho que esta tal de hombridade, que você tanto diz, se aprenda no exercito. Se fosse assim, quem não serviu não é homem! Pra mim o exercito é uma instituição falida, que não tem capacidade pra educar ninguém!
- Eu concordo contigo, não é o que aprendemos no exercito, e sim a vida que somos obrigados a levar. Ali você aprende a dormir de olho aberto!
- E pra que meu filho tem que aprender a dormir de olho aberto hein? Pra ser homem precisa disso?
- E como!!E como!! Infantaria hein.............Infantaria!!

sexta-feira, 30 de abril de 2010

O Monstro

Já tive dias tristes!
Quando meu pai morreu foi um deles.
Quando deixei pra trás um amor, foi outro.
Agora, quando é a mãe da gente que morre, não existem palavras, muito menos sentimentos para explicar a dor que corrói por dentro.
É um nó na garganta que desce pro estômago, e lá vai tomando vida. Depois de um certo tempo, o nó da saudade sente fome.....................
Então ele começa a devorar suas entranhas, subindo, descendo,
nutrindo-se em seus flúidos vitais.
Você sabe que tem que detê-lo, e o quanto antes, mas já é tarde, ele se alastrou por todo o seu corpo, e controla a situação. O monstro o domina.
As vezes, você simplesmente se deixa dominar.
A simbiose perfeita.
A saudade eterna.........

terça-feira, 27 de abril de 2010

Sonhos, um conto de Junior Aragaki

Deitado no banco do Largo do Paissandu, com a cabeça apoiada num case de vinil.
Era o ponto final do Paissandu - Morro Grande. O primeiro saia as 05:45.
Haviam horarios inexplicaveis como 06:53, : 13:31.............A velha e boa CMTC.
Aquele azul marinho e branco encardido pela poluição.
Você entrava por trás e descia pela frente.
Ou quando duro, saltava pela porta de trás.
Eu saia do Madame Satã, e caminhava pela madrugada paulista até o Largo.
Nesta época, eu ainda morava com os meus pais na Vila Carolina.
São Paulo, ainda era a terra da garoa.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Juramento - um conto de Junior Aragaki

Por toda a vida, João colecionou a Biblia Ilustrada, em fascículos.
O Velho, e o Novo Testamento!
Começou a Sacra Coleção aos 19 anos, após casar com Selminha, grávida de 4 meses.
Achava que lendo o livro dos livros, talvez Deus perdoasse seus pecados, para ele
engravidar uma moça de familia, era um pecado mortal, um atentado á virtude
da igreja católica.
Neto nasceu no dia em que João Evangelhista completou 20 anos.
A dureza da vida d operarios, transformou os versiculos em leite, o Apocalipse em
fraldas. São João então, virou um tubo de pomada para assaduras.
Aos 58 anos, a aposentadoria trouxe de volta o velho habito, agora garimpado cuidadosamente por varios sebos da cidade.
Nos aniversario de 60 anos, Pedro, seu neto o presenteia com o ultimo fasciculo, na
capa a famosa Santa Ceia.
Agora só faltava as capas duras exclusivas, itens rarissimos e imprescindiveis para a encadernação da coleção. Eram enormes, em cartão revestido de tecido preto e escrito
"Biblia Sagrada" em ouro.
Atraves de um sebo virtual, Neto e Pedro localizaram as capas em Amapá, e o presentearam no natal. João estava realizado. Agora poderia começar a ler a Biblia, pois havia feito um juramento no dia em que comprou o primeiro fasciculo, que só leria o Santo Livro, depois que a colecao estivesse completa.
A felicidade foi tanta, que dormiu abraçado as capas, recheadas com os fasciculos com as fotos que ele mais gostava.
E assim, abraçado a partes de uma Biblia não lida, que João foi encontrado na manhã seguinte. Frio. Morto, vitima de um ataque cardiaco fulminante.......mas com um sorriso estampado no rosto, morreu feliz, mesmo sem nunca ter lido a Biblia.

sábado, 5 de dezembro de 2009

A Voz!

Morre o locutor Lombardi do SBT

"Oiiiiiiiiiiii Silvio"

Com esta frase, o locutor Lombardi iniciava seu trabalho. Um trabalho unico.
Ser a voz da consciencia do apresentador Silvio Santos.
Uma das vozes mais imitadas no Brasil, Lombardi era acima de tudo um grande profissional.
No meu primeiro dia de trabalho no SBT (ha muito tempo atras, numa galaxia muito distante),
entra o supervisor no estudio e me diz: - Prepara tudo ai que você vai gravar os offs do Lombardi.
Congelei na hora. Eu iria gravar a voz mais famosa do Brasil.
Ele chegou pra gravação, olhou pra mim e disse: - Quem é você? Sonoplasta novo? Não vou gravar com
você não. E saiu correndo do estudio. Sai correndo atras dele, logo no primeiro dia de trampo, o locutor sai
correndo!!!!
Encontrei-o no corredor conversando com meu chefe, dizia que não gravaria comigo, pois eu não sabia
como grava-lo. O supervisor ja sabendo de suas "manias" me acalmou, e disse para não me preocupar pois
estava tudo bem.
Conversei com o Lombardi, e disse que era muito experiente em gravações de locuções, e o convenci a gravar.
Ele tinha um "metodo" unico. Não usava fones de ouvido, a porta entre o estudio e a tecnica tinha de ficar
aberta pra ele ouvir seu "retorno" e bem alto, o que obrigava a grava-lo com um microfone duro (dinamico).
Usei o SM58, dei aquele "brilho" (um reverb) que ele tanto gostava e gravei.
Acabada a gravação, ele chegou em mim e disse com aquela voz inconfundivel: - Muito bom garoto. Gostei
de gravar contigo. Saiu da sala e foi direto a sala de supervisão elogiar meu trabalho pros supervisores.
Em outra ocasião, eu estava na praça de alimentação do SBT, quando ele chega pra mim, e enfia R$10,00 no
meu bolso. Eu recusei, mas ele fez questão que eu aceitasse e disse: - Mas se você não aceitar este cafezinho
vou ficar muito chateado. O Lombardi era assim, uma pessoa muito pacata, e que adorava ser reconhecido
pela sua arte e talento. Uma voz única na comunicação Brasileira. Uma perda irreparavél.
Lombardi, ou simplesmente "A VOZ".
Descanse em paz

Junior Aragaki

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Relax

receita basica pós madrugada virada trampando: 1 pequeno trago de rum Zacapa, 1 Churchil Robusto, e qualquer livro do Bukowiski........Apenas molhe o bico, o suficiente pra sentir o sabor do rum......então puxe suavemente a fumaça azulada, segure-a na boca por alguns segundos e solte suavemente......leia alguns trechos do livro...............outro pequeno gole..........

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

O maior espetaculo da terra..



O maior espetaculo da terra.

Mato Grosso (na época era um só)!1975. Rio Brilhante.
Uma cidadela as margens do dito rio, onde aos domingos iamos lavar o carro, um fusca branco gelo, 69, dentro do rio, e seguindo um costume local, toda a limpeza era feita somente com os materiais que recolhiamos por ali. Areia pra arear os pneus, parachoques e peças enferrujadas, e com um mato macio que crescia nas margens do rio, esfregávamos o carro por fora e tambem por dentro, deixando um leve perfume citrico.
Não fosse o óleo, gasolina, e detritos que os velhos carros enferrujados da maioria miserável de sua população, seria um lava-rápido super ecológico.
A cidade era basicamente 3 avenidas principais, e umas duas dezenas de ruas
menores. Morávamos na ultima rua da cidade, antes de um imenso campo verde de pastos
e mais pastos, e no final da rua de terra vermelha, havia uma imensa marcenaria
da familia Amaral, os "Donos" da cidade.
Eu tinha apenas 5 anos, mas os detalhes daqueles tempos, permanecem como
se eu tivesse assistido a um filme da sessão da tarde, dormitando no sofá.
A lembrança primordial, é o dia em que chegamos de mudança.
A casa ainda não estava pronta, metade dela estava a céu aberto, sem telhado.
Exaustos, deixamos a mobilia espalhada pelos comodos. Famintos.
Meu pai conseguiu acender o fogão a lenha e grelhar alguns bifes na chapa.
Foi a primeira vez que fiz uma refeição de proteina pura.
Minha mãe ajeitou o colchão de casal, colado a um de solteiro no unico
lugar coberto, a cozinha.
Meu pai foi enfatico:
- E perder uma noite com uma lua desta? Vamos dormir na sala!!!!
E sob a luz das estrelas assistimos a um espetaculo emocionante que a
poluição de São Paulo nos proibe assistir.
A primeira vez que fui brincar no quintal, dei o primeiro passo descalço da
minha vida, e..........pisei..........pra minha sorte não era merda, apenas o mate
do terêre, o chimarrão gelado para o calor de 40 graus a sombra.
A terra era de um vermelho corante, e muito fértil. Fizemos uma horta. Meu pai fez uma horta para ele e uma "hortinha" para nós, com a condição de que cuidassemos dela. E de fato, revolvemos a terra, adubamos com esterco, plantamos o basico, alface, cenoura, salsinha. Todos os dias pulávamos da cama direto pra horta, pra acompanhar seu crescimento. Minha mãe deixava eu e minha irmã brincar descalços no imenso quintal, e no final da tarde, encardidos, colocava nossos "pés de molho" numa bacia e os esfregava com um pedaço de telha.
Ao lado de nossa casa, morava um casal de velhinhos, bem idosos. Seu Fred e Dona Zica. Eram de uma grande familia circense, eram trapezistas, malabaristas e Dona Zica por anos foi a primeira bailarina do circo, e aos setenta e poucos anos
era agil como um mestre shaolin! As casas eram todas de madeira, e como a minha ainda não estava terminada, faltava uma das coisas mais importantes neste tipo de casa.
A calefação! É preciso tapar todos os buracos e frestas pra evitar insetos e outros bichos,
afinal a cidade ficava nos confins de Mato Grosso, e onde não era pasto, era floresta.
Um dia, eu tomava café da manhã, enquanto minha mãe cozinha no fogão a gás (ela
não sabia usar o fogão a lenha), e conversa com Dona Zica, que nos levara um
delicioso bolo de fuba.
A velhinha congela:
- Cobra, cobra!!!! A coisa que minha mãe mais tem pavor no mundo é cobra.
A velhinha nem pegou impulso, bateu a mão na base da janela, cerca de 1,20m
e saltou pra fora. Só faltou dar uma pirueta no ar antes de aterrissar suavemente.
Minha mãe, contrariando todas as leis da fisica com seu 1,58 e gordinha, não exitou,
tomou impulso e seguiu Dona Zica janela afora.
Corri pra sala assustado e maravilhado ao mesmo tempo.
Minha mãe, artista de circo!!!!!!!!!!!
Quantos risos........ó quanta alegria..................

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

4 Graus - Um conto de Junior Aragaki



Aquele 7 de setembro foi um dia macabro.
Acordei as 10:13, cagado, naquela banheira cheia de almofadas.
2 dedos quebrados, embora eu ainda não soubesse disto e
varias escoriações pelo corpo.
Comecei a perambular pela casa, pelo jeito eu era o
único remanescente daquela festa. Todo mundo havia
ido embora e me esqueceram ou me largaram lá.
O jardim assim como o salão de festa, estava repleto
de latas de cerveja, bitucas de cigarro e baganas
de maconha.
Achei um ponta enorme. Não resisti e acendi.
Fumo bom, 3x1 eu diria.
Sentei numa espreguiçadeira e fiquei ouvindo
os pássaros cantarem com aquele fundo continuo
de transito, que só São Paulo tem.
Meus dedos inchavam cada vez mais.
Lembrei que estava cagado, dei mais um tapa e
me esqueci da merda.
O fumo bateu forte. O canto dos pássaros virou
um tuinnnnnnnnnnn continuo na minha cabeça!
Lembrei novamente que estava cagado. Desta vez
tomaria um banho.
Fui pro banheiro da piscina, tirei a roupa e só então
descobri que eu não estava cagado.
Mas já que estava ali pelado, porque não um bom banho.
Liguei o chuveiro e lembrei que estava cagado. Não
eu não estava. Ô fuminho bão!!! Entrei na água quente.
Fiqueis uns vinte minutos ali, viajando, tentando lembrar
o que acontecera comigo. Foi em vão! Só me lembrava
de alguns flashs. Noitada fortíssima!!!
Sai pelado procurando uma toalha, e dei de cara com uma
tiazinha bem idosa recolhendo as latas de cerveja.
Ela olhou pra mim como se fosse normal alguém andando
nú por ai, virou as costas, tossiu forte e continuou esmagando as
latinhas com uma única e certeira pisada, depois colocava
num saco plástico ensebado.
Eu tremia de frio e como não tinha nada que pudesse
usar para me secar, puxei uma toalha branca de uma das
mesas e me enxuguei ali mesmo, no deck da piscina.
Guardando o carro na garagem, tive que olhar pro retrovisor
e só então me dei conta de que estava sem os malditos óculos.
Apalpei o bolso da jaqueta, estava ali. Quebrado. Uma lente!
Que merda!! Sou míope. 4 Graus!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Docinho

Aquilo parecia um sonho para ele! Sempre a desejara. A primeira vez que colocou os olhos sobre ela ficou imaginando como seria seu corpo nú. Agora ali estava aquele corpo escultural palpitando sob o dele.
Extremamente excitado Marcus levanta a blusa da gata, que suavemente deixa a camiseta escorrer pra fora de seu corpo.
Ela estava deitada de bruços e ele por cima, massageava suas costas com um óleo aromático. A excitação era tanta que ele sentia um vazio na boca do estômago.
O óleo ajudava a correr as mãos da nuca até a base da coluna, Marcus pressionava firmemente massageando aquelas costas sardentas, suava frio enquanto deslizava as mãos naquela pele suave.
Até ali não sabia ainda o que aconteceria. Então ele se ajeitou mais para baixo e começou a massagear as nádegas da loira. Ela usava um short de algodão macio e ele podia sentir a forma arredondada daquela bunda em suas mãos.
Massageou durante um tempo por cima da roupa, mas então puxou o short para baixo, junto com a calcinha, não houve resistência alguma, pelo contrario a musa o ajudava desvencilhando-se das roupas com o auxílio dos pés. Seu coração disparou, batia quase na velocidade da luz.
Marcus jogou mais óleo nas mãos e lambuzou bem aquela bunda. E que bunda!!!
Pela claridade azul da lua que entrava pela janela, ele observava aquela bunda maravilhosa e decorava mentalmente a marquinha do bikini, pra nunca mais esquecer aquela cena, aquela imagem sublime.
Ele estava num tipo de transe, cultuando aquela parte especial do corpo feminino. Escorregava as mãos tentando tatear cada milímetro daquelas infindáveis curvas. Já sonhara com aquela bunda, mas mesmo em seus sonhos, não imaginara que fosse tão linda assim.
Virou-a de frente e acariciou os seios. Bonitos seios, grandes e empinados. Sentiu o mamilo excitado entumescer em sua boca, havia um leve gosto do óleo aromático na macia pele dos seios que ele sugava vorazmente. Deslizou para baixo, emborcando o sexo dela com uma ferocidade animal. Estava completamente dominado, fora de controle, enquanto chupava aquela buceta doce e cheirosa como uma fruta bem madura, era isto, o sabor adocicado daquela mulher fazia seus instintos aflorarem, ficava cada vez mais enlouquecido com os gemidos e sussurros que a garota soltava, mexendo o corpo sem parar, puxando a cabeça dele de encontro a sua púbis.
Transaram durante um longo tempo. Foi uma das melhores trepadas de sua vida. Marcus estava surpreso com a performance da gata, principalmente por leva-lo a loucura na sua posição preferida. De quatro! O rosto angelical daquela estudante de direito não revelava sua experiência. A futura doutora era uma maquina na cama.
Depois de gozarem, tomaram banho juntos, no escuro e baixinho, sem fazer barulho pra não acordar os outros habitantes daquela velha república de estudantes.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Historia de O - por Guido Crepax



Tive que ir até Osasco, mas achei......... História de O desenhada por Guido Crepax!!!! Edição de 1988!!!!
Crepax, os olhares mais expressivos que já vi em quadrinhos!!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Alguns minutos - Um conto de Junior Aragaki


Pontualidade, definitivamente não era o maior dos atributos de Marcus Raiser.
Ele olha para o relógio pela quarta vez, desde que entrara na fila do Drive-Thru.
8:45. Se conseguisse apanhar seu pedido e sair até as 8:50, teria 10 minutos para ir da Freguesia do Ó até a Barra Funda. Na madrugada faria o trajeto facilmente, mas no horário do rush seria impossível.
Pra variar chegaria pontualmente atrasado. Tinha uma importante reunião com o diretor de um grupo de investidores interessados em patrocinar o Moto-Perpétuo, roteiro de um longa-metragem.
As 8:48 ele olha para o relógio pela quinta vez enquanto joga o lanche no banco do passageiro e sai acelerando.
Pisa fundo na marginal Tietê enquanto faz seu desjejum a base de fritas, x-burguer e refrigerante. Toca o celular.................era Elisa, sócia na produtora preocupada com o habitual atraso de Marcus, ele desliga e pega o refrigerante, dá um gole e arrota. Sorri. Tenta colocar o copo no aparador mas um buraco na marginal faz o refrigerante voar dentro do carro molhando a calça de Marcus, que dá um pulo no banco e vira o volante, fechando bruscamente o carro na pista ao lado. Estavam no acesso da ponte da Casa Verde, e Marcus para no farol vermelho.
Vermelho mesmo estava o homem que pula na frente do carro gesticulando e xingando com um forte sotaque gringo.
O semáforo abre, e Marcus acelera parado, tentando se desvincilhar daquele gringo loco.
Ele corta pela direita e quando passa lentamente pelo loco, com uma bica o gringo arrebenta o farol esquerdo do carro.
Marcus freia bruscamente e sai com o extintor de incêndio na mão ameaçando o gringo, que corre assustado de volta ao carro.
Marcus com toda a calma do mundo chega próximo do gringo e quebra não só os faróis, como todos os vidros e retrovisores do carro enquanto o gringo desesperado tentava dar partida. Marcus entra no carro, recolhe o que sobrou do refrigerante no assoalho e chupa pelo canudo enquanto dá seta e sai pela direita tranquilamente, acenando para o gringo.
9:17. Chega atrasado e esbaforido senta-se ao lado de Elisa que diz baixinho em seu ouvido:
- Você deu uma puta sorte! O velho Chinaski nunca se atrasa, e por Deus.......... justamente hoje o velho esta quase 20 minutos atrasado.
Mal ela termina a frase, a porta estronda ao ser aberta, entra o velho Chinaski, todo desalinhado. Quando ele vê Marcus, salta em seu pescoço. Era o gringo loco!
Todos se levantam para apartar a briga. Elisa pula desesperada quando os dois passam rolando por seus pés, engalfinhados embaixo da longa mesa de reunião.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Pill'n'Thrills and Bellyaches - Um conto de Junior Aragaki



Tinha o tiozinho da Brigadeiro Luiz Antonio, "Seu Zé". O único pulgueiro na região do Bixiga que deixava menores de idade hospedarem-se. Era uma portinha de vidro com uma campanhia, um corredor com uma escadaria no final
que subia para os quartos.
Logo após a porta, á direita ficava o guighê-residência do "Seu Zé". Nunca descobri se ele era o dono, ou o gerente daquele hotelzinho, que tinha apenas 8 quartos, e apesar da péssima aparência do anfitrião, os quartos eram limpos e arrumados.
O melhor de tudo era o preço. Virou minha segunda casa.
Pensando bem, talvez ali tenha sido o primeiro lugar que eu poderia chamar de "meu lar". Eu acabara de sair da casa dos meus pais e estava vivendo por ai. Uns dias na casa de um ou outro amigo, mas hotel era difícil pois além de não ter grana, eles não aceitavam "dimenor". Passei dias internado ali, sem ao menos sair do quarto com a Gi, uma namorada
que na época já era maior de idade.
Normalmente saiamos cambaleantes do Satã e acabávamos no hotel do tiozinho.
Até que numa destas noites Seu Zé não estava no guichê, em seu lugar uma mulher,
bonita, mas tão carrancuda, que ficava bruxa. Ela pediu os documentos e quando viu minha idade, ralhou:
- Mas você é "dimenor" meu querido, "não posso te aceitar você aqui!".
- Como não, eu me hospedo aqui faz tempo! Cadê o "Seu Zé"????
- Tá "diferiashhhss"!!!!!
- Mas isto aqui não é um hotel? Eu quero me hospedar. Retruquei acalmando a Gi que queria saltar no pescoço da mulher atrás do balcão.
- Num possu fazê nada, num aceitamus dimenor!!!
- Se você não me aceitar aqui, vou ter que dormir na rua, e quero ver você se
responsabilizar se algo acontecer!!!
- Olha ja falei num possu fazê nada. Ordens são ordens!!!
- Mas ordens de quem!!!! Merda!!! Gi saiu correndo, e eu fui atrás, quando abro a porta, ela vem acompanhada de dois policiais que sempre estacionavam na esquina da Brigadeiro. Ela chegou esbaforida no balcão e gritou apontando a mulher:
- É ela! Ela não quer nos hospedar! Por acaso existe alguma lei proibindo menores de idade de se hospedarem com alguém responsável?
- Realmente não existe nada sobre isto. Vocês podem se hospedar aqui sim!
Era a segunda vez que eu ficava agradecido a um policial naquela região. Que merda, isto estava ficando frequente.
Na semana seguinte, eu dançava na pista do Madame ao som de Shelter from the rain, do All About Eve. O PQ estava inspirado aquela noite. Talvez levado pela paixão recente, embalado pela sua eterna musa Christine (The Strawberry Girl)!!!
Estava no estado habitual de embriagues...............bêbado.
Robertão dançava animado ao meu lado. Escorando-se chapado no meu ombro, ele saliva no meu ouvido:
- Bebe ai!!!!!Bebe ai!!!! Me oferecendo um copo.
- Bebe ai! Cuspia ele, fazendo um enorme beiço.
Dei um gole. Era horrivel e não consegui identificar se era pinga, vodca ou gin, mas certamente estava misturado com alguma substancia quimica, o gosto amargo no final entregava facil.
- Golão, golão, golão!!!! Beiçolou ele, empurrando o copo na minha boca.
Dei um gole enorme e no fim escorreu um pó grosso e muito amargo pra minha boca.
Fiz careta e engoli. Ele me puxou para fora, e no terraço, sob a luz de uma vela, abriu a mão e me mostrou!!!!! Vários comprimidos e pílulas coloridas, valium, optalidon, e sei lá mais o quê!
Jogou varias no copo e amassou com o isqueiro, tirou uma garrafinha de plástico do bolso, despejou um pouco de bebida e sacudiu, depois completou o copo até a boca, virou metade num só gole, e me ofereceu o resto.
Recusei. A dose anterior estava batendo, eu estava vendo uma porta onde antes haviam apenas pixações.
Mas não era nenhuma alucinação. Realmente havia uma porta ali, e se abre revelando um pequeno corredor de paredes com almofadas vermelhas, adornado com espelhos, vários espelhos e um barzinho com prateleiras de vidro a esquerda. No fim deste pequeno corredor, uma pérola efêmera na noite de São Paulo.
Imelda Marcos, a casa de Salsa dos mesmos donos do Madame Satã e que durante um curto período permitiu a passagem de alguns vips de uma casa para a outra, de modo que as vezes estava tocando Bauhaus na pista do Satã, você ia pro Imelda e ficava observando alguns casais dançando Salsa e Merengue. Era muito divertido. O Imelda tambem parecia uma gaiola gigante, ferro e metal pra todo lado, e os tiozinhos lá bailando sem compromisso algum com a vida.
Naquela noite fiquei um bom tempo ali, apreciando aquele bailar suave, mas logo me enchi e sai com Salsa retumbando na minha cabeça, volto pro Madame e na porta do corredor encontro novamente com o Roberto, acompanhado pela turma de sempre. Ele esta de pé em uma caixa de cerveja, e com o braço esticado roubava varias garrafas das prateleiras de vidro do barzinho do Imelda. Ele passava as garrafas para a galera, e elas simplesmente desapareciam no ar, como mágica. Nunca houve uma noite com tantos bêbados! Depois de algumas horas o mundo todo dormia espalhado pelo chão do Madame Satã!
Até mesmo na pista haviam bêbados caidos por todos os lados, e eu ali, chapado, tentando dançar me desviando dos corpos. Numa noite com bebida a vontade, eis que surge ela, loira, linda, irresistível, e começa a dançar ao meu lado no que sobrou da pista. Ou ela dançou na pista com o que sobrou de mim. Realmente eu não sei.
Fiquei de frente para gata, e em instantes estava sentado numa das maquinas de lavar/iluminação, atracado a aquela beldade.
Peguei a garrafinha com a bebida estranha do bolso do Roberto, que dormia abraçado com uma japa na escada, e sai com a garota pro hotel do tiozinho.
Até hoje não consegui descobrir que bebida era aquela, muito menos o que aconteceu naquele quarto. Não sei se trepei, se dormi, o fato é que acordei nu, entrelaçado na garota. E então tive um susto! E pulei pra fora da cama.
A beldade era uma gordinha gótica super pegajosa, daquelas que ficam a noite toda serrando bebida e cigarros. Estava com a maquiagem gótica a escorrer pela cara, o cabelo descolorido meio ensebado com as raizes escuras grudados na orelha.
Show de horror! Parecia o Alice Cooper de ressaca! Mas juro que até as 4 horas da manhã, ela era linda! Realmente não sei o que foi que aconteceu com ela.
Metamorfoses que nem o Kafka explica!!!!
Silenciosamente comecei a me vestir, eu só queria sair dali o mais depressa possível, eu estava quase prendendo a respiração para não fazer barulho, mas quando peguei minha jaqueta, ela acordou, e pulou sorrindo da cama:
- Bommmm dia GATO!!!!!Era só sorrisos. Comi, pensei.
- Foi uma noiiiitii tão maravilhosa!! Hummmm comi e ela gozou.
- Eu to muito atrasado, preciso sair fora agora!
- Ah tambem ja tô de saida GATO! Ah se eu fosse um gato.....pularia imediatamente pela janela.
Sem opção, subi a Brigadeiro em direção a Paulista, de maõzinha dada com o Alice Cooper, e rezando pra não encontrar algum conhecido.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

A descoberta - um conto de Junior Aragaki


E então despertei.........
E mesmo de olhos abertos um véu negro cobria minha existência. Não havia nada, somente trevas.
Num instante apenas, uma fração de segundo, como num choque tudo voltou. Bem quase tudo. Eu não conseguia me lembrar quem era.
Fiquei ali, imóvel, sufocado, quase sem ar.
Tateando no escuro, o horror tomou conta de mim.
Ali naquela completa e silenciosa solidão, gritei desesperado! Dei conta de que estava dentro de um caixão. Enterrado. Enterrado Vivo.
Não sei ao certo quanto tempo fiquei ali. Alguns dias, meses, a eternidade?
O tempo estava congelado, e nem mesmo minha respiração eu ouvia. Eu não respirava.
No auge da angustia e loucura, comecei a esmurrar o tampo do caixão,que para minha surpresa, foi arrancado em um só golpe, como se fosse papel. Estava mais forte do que nunca, mas continuava sem saber quem eu era.
A terra invadiu meu esquife, caiu sobre meu rosto, e comecei a cavar, quando me dei conta, estava do lado de fora do caixao, em um grande tumulo. Era noite, e resolvi sair dali!
La fora uma chuva fina e gélida açoitou meu rosto. E mesmo com um frio cortante, tive uma imensa sensação de prazer.
Corri por entre os jazigos e por vezes parei para ler algum nome, no entanto o meu nome, meu próprio nome continuava sendo um mistério para mim. Não havia nada naquele tumulo que pudesse me identificar, nenhum documento nas roupas, nada. Porquê eu estava enterrado, o que havia acontecido comigo?
Pulei o imenso muro daquele cemiterio em busca da minha identidade.
Então algo inacreditavel aconteceu comigo. Eu estava voando, sim eu voava suavemente como se sempre fizesse isso. Flutuei sobre campos e florestas e me aproximei de uma pequena cidade, flutuando sobre os telhados, me sentindo fluir, dissolvido no ar gélido da madrugada.
Mas sentia cada ser embaixo de mim, respirando, palpitando, vivos, e sobretudo sentia o cheiro doce e metálico do sangue quente correndo em suas veias. E então tive fome. Muita fome. Algo incontrolavel me corroia por dentro, apenas dor, queimava como fogo, e eu só conseguia pensar naquele cheiro doce de sangue, sangue, somente isto poderia aplacar minha dor, minha fome. Naquele momento eu senti frio novamente, um raio gelado atravessou minha espinha.
Então era isso. Eu havia me tornado um vampiro.

sábado, 22 de agosto de 2009

Luz Divina -Uma vaga lembrança de Junior Aragaki



De certa forma, alguns momentos ficam eternizados em nossa memória.
Eu estava sentado na escadaria do Madame Satã, conversando com a minha amiga Liliza, semi-bêbado, sem grana pra beber a noite inteira no Madame, eu normalmente parava no boteco ao lado, o Barba, e dava uma boa calibrada antes de entrar. Bombeirinho, porradinha, jurubeba(Du Rock), mas sobretudo pinga de alambique. Ou então passava no bar do pernambuco, um pouco acima, onde bebia cerveja com cinza de cigarro.
Estava um frio cortante e com uma leve garoa paulista, que só existiu até o final dos anos 80. Engraçado como a noite em São Paulo mudou, não tem mais garoa, mas continua SP.
Olhei pra cima e vi uma luz, bem longe, aproximando-se rapidamente, uma inacreditavel luz vinda do céu........... até que explodiu no chão ao lado da escada! Boommmmmm,
a luz era um Coctel Molotov lançado pelos carecas, que queriam invadir o Satã pra pegar os punks! Por alguns momentos o fogo ardeu pelo chão e subimos correndo pro salão principal. Estava um grande confusão na entrada.
O William segurança (não o dono), havia baixado a porta e os carecas davam machadadas rasgando as folhas de metal. Eu ali, semi-bêbado sem saber pra onde correr. Me sentia um personagem de filmes de zumbi, preso numa mansão, com monstros tentando derrubar a porta e me amaldiçoei pelo meio vidro de Bentil.
Mas então tudo ficou em silêncio lá fora. Pelos rasgos abertos pelas machadinhas, vi o giroflex de uma viatura ligado. E acho que pela primeira vez na minha vida me senti aliviado por ter visto um meganha!
Ledo engano, logo após dispersarem os carecas, os policiais entraram no Satã, e deram uma puta geral em todo mundo!! Pararam o som, acenderam a luz de serviço, revelando como aquele lugar era um lixo, enfim quase acabaram com a noite. Estavam sobretudo a busca de menores. Eu era "dimenor" e dancei bem no momento em que batia o Bentil. Pedi licença ao guarda, virei pro lado e vomitei. Só faltou ele esfregar meu nariz no vômito. Da kombi da POLO, ouço alguem xingando, e vejo um cara esperneando no meio de dois policiais. Eles o traziam algemado, abriram a porta e o jogaram no banco. Era o Crânio. Um dos punks mais gente boa que conheci até hoje, e que foi assassinado anos atrás por um bando de playboys na porta de uma casa noturna aqui em São Paulo. Quem não conheceu o Madame Satã com o Crânio na porta conversando e discutindo a filosofia da vida e das ruas, não conheceu de fato o MS. É uma pena que a essência do Satã tenha se perdido com o tempo. Ficou atrelada aos anos 80 o auge da casa, o que não reflete a busca pelo novo que tinhamos naquela época, principalmente por novas bandas, novos estilos e sonoridades diferentes, a informação era escassa, tinha que correr atrás, mas talvez tudo isto tenha morrido com a Melody Maker. Assim como morreram o Lira Paulistana, o Carbono 14, o Acido Plastico, o Via Berlin, o Napalm, o Templo, o Construção, o Buraco quente.....................

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

206. Um conto de Junior Aragaki


206!

206. Numero inesquecivel para mim.
206 era a quantidade de blocos que formavam
a cela 3 da guarda norte do 39º Bimtz em Quitauna - São Paulo.
Eu ja estava naquela cela há 15 dias quando me dei conta de que a única coisa que eu tinha para matar o tempo era contar aqueles malditos blocos, e não fazia idéia de que
ficaria ali por mais 25 dias eternos.
E tudo isto por ter agredido um sargento. Um filho da puta de um sargento.
Quitauna, um dos maiores e mais bem preparados aquartelamentos do Brasil, e famosos pelos "ralos" submetidos aos seus recrutas.
Era o antigo 4º RI (Regimento de Infantaria) onde numa noite o glorioso Capitão Lamarca estacionou um caminhão, e levou todas as armas de uma Companhia para a Guerrilha.
Em 1989, 3 quartéis formavam o chamado Inferno Verde.
A esquerda o 2º GAAE (Grupo de Artilharia Anti-Aerea) e cá entre nós moleza total, afinal faziam seus treinos e acampamentos na praia. Hehehe Viva a Infantaria!!!
No meio o 39º BIMTz (Batalhão de Infantaria Motorizado, hoje Infantaria Leve)
E a direita o 4º BIB (Batalhão de Infantaria Blindada). Onde rolava o famoso "ralo" da boina preta, a marca registrada dos infantes blindados.
Eu servi no 39. 2ªa Companhia de Fuzileiros, a Guerreira. Infante Fuzileiro, aquele que quando o bicho pega se fode primeiro. O famoso "Pé-de-Poeira".
Como em todo quartel brasileiro, a iniciação no mundinho militar é algo entre uma tortura psicológica, e um filme de satiras militares estrelado pela dupla O Gordo e o Magro. Eu ja conhecia alguns dos caras que estavam servindo, e acabei sendo
designado como Soldadeante, um tipo de auxiliar de escritório. O primeiro mês no quartel era em regime de internato.
Chegávamos as segundas, e íamos embora as sextas.
De certa forma tive muita sorte por saber manejar algumas armas devido a minha infância passada na companhia de uma espingarda de chumbinho na fazenda de minha avó, que foi quem me ensinou a manusear e atirar com uma Winchester 22.
Eu era muito bom de mira, e esta facilidade me tornou um atirador de elite.
Logo nos primeiros exercicios de tiro com o Fuzil FAL de origem belga, me destaquei e tive as melhores notas da turma, o que fez o Capitão Gomes me convidar para integrar o Pelopes (Pelotão de Operações Especiais) das 2º Cia, e o Coronel Albuquerque Prado (Comandante de Infantaria) me convocou para fazer parte do time de atletas de tiro, que disputaria algumas competições naquele ano. Aceitei feliz, sem saber que aquela decisão me levaria a "ralar" o ano inteiro. Após o período de treino básico, e com as funções ja designadas dentro de cada pelotão, comecei a treinar tiro intensamente, em breve haveria um campeonato. Haviam varias modalidades de tiro militar, e eu treinava 3 tipos. Deitado, agachado, e de pé, sem apoio.
Naquela época a vida no quartel era uma maravilha para mim. Entrava em forma as 7 da manhã, e após a leitura das ordens do dia, ia para o estande de tiro do 4º Bib, e ficava o dia inteiro treinando.
Num destes dias o sargento da ronda, era o sargento Garcia. Só faltava o Zorro porque tonto tinha a vontade.
Ele tinha uma voz bem fina e se fazia de durão o tempo inteiro, e era muito engraçado ver ele gritando com sua vozinha soprano estridente.
Ele chegou em mim: - Raiser, seu bisonho, esta tua vida mole vai acabar logo, este negocio de ficar só atirando o dia inteiro ta no fim, ai quero ver você virando o zóio na guarda norte!!!!
Atirar com um fuzil em época de paz, é um privilégio para poucos no Brasil. Só quem já
apertou o gatilho de um FAL, sabe o que estou dizendo. Atirar custa caro, então a maioria dos militares tem um treinamento de tiro bem restrito. E eu ali, atirando a vontade, acabava por despertar a ira de alguns militares patenteados.
- Raiser, levanta seu merda. Eu estava agachado e com o alvo na mira, nestes momentos do tiro você precisa de toda a concentração do mundo, mas o arrombado do sargento continuava ali, me provocando:
- Raiser, ja disse, levanta e presta continencia!!! Agora!!!
Me levantei, fiquei em posição de sentido e levei a mão direita espalmada junto a fronte.
- Raiser seu mocorongo, olha só esta farda, que lixo, você é um lixo Raiser, qual é
o seu numero?
- 562. Respondi irritado. O filho da puta puxou o caderno de anotações e marcou meu
numero. Fiquei muito puto porque sabia que uma anotação daquelas podia me deixar
um fim de semana detido no quartel.
Voltei ao treino, e passados alguns minutos, eis que volta o sargento soprano para me
infernizar. Eu treinava tiro deitado, ele "sopranou" ao meu lado:
- Raiser de pé quando entrar um superior no recinto! Eu fiz que não era comigo e disparei 3 vezes contra o alvo.
- Raiser de pé, eu já disse! De pé seu arrombado! Ele me cutucou com o bico do coturno.
- Levanta agora soldado, isto é uma ordem. Disparei mais 3 vezes.
- Seu bizonho de merda, ta querendo me intimidar é? Berrou ele furioso. Eu novamente fiz que não era comigo e me concentrei no alvo novamente procurando calibrar minha pontaria.
- Vou te ensinar a respeitar um superior seu merda. Disse isto e me deu um chute
nas costelas. Não tive duvidas, joguei o FAL, me levantei e dei um soco na boca
do sargento. Ele cambaleou para trás, levando a mão ao coldre para sacar a pistola,
mas fui mais rápido e segurei sua mão torcendo-a para trás, enquanto o derrubava
com o joelho. Arranquei a beretta das mãos do sargento, joguei-a pra longe, e
comecei a soca-lo. Zorro e tonto aplaudiam sentados num canto.
Por ser um dos sargentos mais odiados no quartel, os outros soldados deixaram que eu desse uns bons socos nele, e demoraram alguns instantes para me tirarem de cima do sargento Garcia. Ele pegou meu fuzil e apontou para mim, tinha um olhar profundo e destravou a arma enquanto cuspia uma placa de sangue.
Gelei!! E fechei os olhos certos de que ele iria disparar. Abri os olhos a tempo de ver o tenente Bernaziel segurando o cano do fuzil e fazendo o sargento baixar a guarda.
Desci preso para a guarda norte, escoltado por 4 companheiros, que contrariados tinham
que fazer este serviço sujo. Dentro da minúscula cela me fizeram ficar nú, e me deram um short sem o cordão para amarrar, eles tiravam tudo, pois tinham medo de encontrarem algum preso enforcado, como os "acidentes" que sempre aconteciam no periodo da ditadura.
Quem tomava conta da guarda norte e dos presos era sempre um sargento que variava conforme a escala. Eu havia socado um sargento. E eles eram muito unidos.
Um pouco antes das 10 da noite, me deram um colchão, apenas um colchão. Eu estava numa cela de blocos e concreto, num lugar gelado e não tinha sequer um lençol pra me cobrir. Pedi um cobertor ao cabo da guarda, ele consultou o sargento e este simplesmente negou o pedido. Me senti como Dorival encarando a Guarda!
Eu tremia de frio, e só consegui pegar no sono depois de me enrolar no colchão e ser vencido pelo cansaço.
Despertei com o barulho da porta da cela se abrindo, mal tive tempo de me levantar quando tomei uma joelhada no estômago. Naquela escuridão eu não conseguia distinguir nada, via apenas alguns vultos, acho que eram 3. Dois me seguraram e um
tratou de me usar como saco de pancada. Mas o filho da puta sabia que não podia me deixar marcas, então enrolou uma toalha na mão, que de certa forma amortecia a dureza dos socos, mas não das joelhadas.
Apanhei durante uns minutos. Mas juro que pareciam horas. Os filhos da puta sabiam bem onde bater.
Me largaram no colchão, arrebentado chorei sozinho. Dormi como uma pedra. As porradas fizeram o frio passar.
Acordei com um balde de agua na cara, me esforcei para levantar e um dos guardas me ajudou, era o 504 Vieira. Tiraram o colchão da minha cela, e jogaram 2 baldes de agua no chão, para que eu não me deitasse novamente.
Um dos soldados voltou com a bandeja do desjejum, eu estava faminto, mas quando peguei a caneca de leite na mão, percebi uma escarrada flutuando no meio da nata.
Como já disse, eu havia agredido um sargento. E eles eram unidos.
Todas as minhas refeições vinham com um brinde nojento. No inicio, eu me recusei a comer, mas não tendo outra solução, depois de algum tempo eu simplesmente empurrava pro lado as cuspidas, e comia o resto.
Sem ter o que fazer na cela, eu contava e recontava aqueles blocos. 206. Da esquerda pra direita, de cima para baixo, colunas impares e depois as pares. De trás pra frente.
1, 2, 3, 4, 5, 9, 22, 45, 50, 88, 146, 200, 201, 202, 203, 204, 205, 206. Sempre 206.
Todo preso tinha o direito de uma hora de sol por dia, mas nos 40 dias em que fiquei naquela maldita cela, sai somente 3 vezes, sendo que em duas vezes fui direto pro banho, e voltei pra cela. Pois quem controlava esta regalia era adivinhem? Um sargento. E eles eram unidos. Pelo menos nas questões militares. E um reco folgado era tudo o que eles queriam pra satisfazer um pouco das suas frustações da vida.
Certa noite eu dormia e tremia de frio, quando jogaram algo pelas grades da janela. Tateei no escuro e encontrei um embrulho. Abri e não acreditei no cheiro que invadiu minha alma. Mortadela, um caprichado sanduiche de mortadela.
Até hoje aquele simples cheiro e aquele sabor estão gravados profundamente na minha memória.
A partir daquela noite eu comecei a receber alguns regalos pela janela. Se por um lado eu estava "sujo" com os sargentos, para os soldados eu havia virado um herói.
Depois que sai daquele buraco, fiquei sabendo que vários soldados se juntaram para me ajudar, não só da minha Cia, mas de todo o quartel, todos odiavam o sargento soprano Garcia e queriam ser aliados do Zorro.
Foi aberta uma sindicância para apurarem os fatos, os soldados que treinavam comigo depuseram ao meu favor, o que acabou me livrando de ser expulso do Exercito ou cumprir uma pena maior, e por ter ficado 40 dias preso, decidiram me soltar sem maiores complicações pois na semana seguinte haveria uma importante competição de tiro. Fui para o campeonato como um dos favoritos e voltei sem ao menos ser classificado para a etapa final. Eu não conseguia mais atirar como antes.
Toda vez que eu me concentrava no alvo, imediatamente vinha na minha mente aqueles
blocos......1, 2, 5, 26, 44, 100, 200, 201, 202, 206........................206. 206.206......

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Escadaria Anti-Glamour - um conto de Junior Aragaki



Eu trabalhava no Bradesco Seguros com o meu xara Marcos Carnieto.
Companheiro do Madame Satã, Freguesia do Ó, caronas no fiat 147 do Gerson, e agora companheiro
de almoço, se é que dá pra se chamar uma coxinha e meia cerveja de almoço, nossa rotina básica no Charme da Paulista, a lanchonete na esquina do Trianon.
1988. As sextas rolavam shows no vão do MASP. Concertos do meio-dia, se não me engano.
Numa destas, após fumarmos um baseado sentados na mureta sobre o túnel da avenida 9 de julho,
vimos ao show do Secos e Molhados, o Marcão chapado era um ser totalmente engraçado, então dei muitas risadas dele imitando e dizendo que o vocalista, maquiagem a escorrer pela cara, era o Nick Find, do Alien Sex Find!!!
Infelizmente tinhamos apenas 1 hora de almoço e tivemos que retornar para o batente antes do show terminar, o que me deixou puto, pois com um gravadorzinho K7 do paraguai, eu tentava gravar o show (o ruido ambiente melhor dizendo),
que depois eu duplicava e vendia com uma capinha feito de xerox em sulfite colorido, num "selo" imaginario chamado
Barba Azul. É claro que eu estava copiando os grandes piratas undergrounds do K7 nos anos 80. O "selo" Capitão Gancho, que sempre tinha fitas com os ultimos discos de punk rock e alternativos como Stiff Little Fingers ou Psychic TV. Os K7s que eu gravava ficavam uma bosta, imagine um gravadorzinho chulé, com um microfone embutido, e a unica forma de se conseguir distinguir algum som da banda do barulho da Paulista e do publico, era ficando o mais proximo possivel do P.A. Mas algumas vezes eu conseguia defender a cerveja do fim do dia. No Bradescão haviam varias pessoas, bossais como todo securitario consegue ser, mas que até se esforçavam pra ouvir algo diferente. E como eu era o MAIS diferente de todos, sempre acabavam comprando os K7s que eu gravara ou os LP's que eu "fazia rolo" nas Grandes Galerias.
Num dia meio chuvoso e portanto péssimo para se andar na Paulista, Marcão chega em mim: - Vamos colá lá no objetivo que preciso falar com a Claudia. Claudia japa, na época namorada de um outro amigo nosso, o Roberto da Freguesia do ó.
Fomos. A escadaria da Gazeta estava lotada de estudantes namorando, matando o tempo, matando a aula, e jogando pelada com bola de meia. Engraçado ver aquela burguesada suada, se matando atras de uma bola de meia.....
Demoramos a encontra-los, estavam no fundão conversando. Claudia japa e seu amigo Jonny (hoje Jhonny Luxo).
Eu ja o vira algumas vezes na noite, Madame Satã, sei lá, mas me lembrei imediatamente
de outra cena com o Jhonny. Estavamos subindo a Augusta de elétrico, Marcão, Roberto, eu e o Bisão, indo para a Nation. Eis que ele entra no busão, de calça e jaqueta jeans e camiseta, passa a catraca e vem para a frente (naquele tempo os onibus de São Paulo eram o contrário, você entrava por trás e descia pela frente) e enquanto engata
uma conversa com o Roberto, começa a se montar, não me lembro ao certo qual era
o modelito, mas com certeza era algo bem engraçado, e se explica: - Meu pai(ou seria padrasto), fica puto e não me deixa sair montado!!!!!!
Voltando as escadarias do objetivo, ficamos um tempo ali conversando com eles, mas tinha que ser coisa rapida, pois ainda teriamos que voltar a tempo da coxinha com cerveja, então apressei a conversa: - Vambora Marcão, ou não conseguiremos passar na lanchonete antes de bater o maldito cartão de ponto!!!!
- Podemos descer com vocês? Pediu a japa.
- Claro! Disse e ja fui saindo meio apressado.
Eu ia na frente com o Marcão, com a japa e o Jhonny logo atrás, quando chegamos no topo da escada e começamos a desce-la, a escada toda parou e começou a nos xingar de
viados, jogaram bolas e papel, e alguns cuspiram.
Desci a escada cego, chutanto tudo e todos que estavam pela frente, meti uma bica no material escolar de um casal, e me preparei pra brigar pois achava que os bostinhas
daqueles estudantes burguesinhos não iriam deixar barato. Deixaram.
Mas quando chegamos, os quatro, a certa distancia da Gazeta, Jhonny Luxo nunca esteve
tão sem luxo assim. O coitado tinha uma escarrada verde na testa, e enojado tentava se limpar com um lenço.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Dia dos pais


Dia dos pais

Eu voltava de moema, apertado para dar uma mijada, parei no centro e entrei no
shopping Light. Light não sei aonde! R$0,50 para utilizar o banheiro!
Absurdos a parte, entrei numa loja especializada em esportes, e como havia prometido ao meu filho uma camisa do timão, não tive duvidas entrei e pedi a 9 Ronaldo!
Quando o pequeno vestiu a camisa e eu vi o sorriso em seus olhos, me emocionei!
Lembrei de ti pai, e quando fizeste o mesmo comigo!!!
As saudades são imensas!!!!
Seu filho, hoje pai.....
Junior

segunda-feira, 27 de julho de 2009

O Ateu e o Onanista - por Junior Aragaki

- ai ai meu Deus, como é dificil ser ateu neste país......
em que se plantando tudo dá! Suspirou lamurioso o Ateu.
Eu acho tão engraçado a cara das pessoas quando digo
que sou ateu. Sim ateu, não acredito em Deus! Me olham como
se eu fosse um doente terminal em vias de ir ao encontro do altíssimo.
No entanto se digo: - Eu acredito em ETs (tambem não acredito, como
São Tomé: - Só vendo), ai me dizem: - como assim? você
é louco, ETs não existem! Ai se ajoelham e rezam dois pai- nosso
e três aves-maria. E louco sou Eu, por não acreditar que Ele exista!
E tem tambem a ala dos que gostariam de não acreditar, serem ateus, mas não conseguem.
Estes normalmente chegam com aquele papo de Energia, energia-cósmica,
energia-positiva, força do pensamento, pensamento positivo, troca de energia, fluido-vital
energia telurica!!!!!Agora os piores dos neo-agnosticos é o povinho da LUZ!!!! Muita luz pra cá,
muita luz pra lá, luz na pusta queospariu!!!!!! Eu pago a eletropaulo, R$187,13 mês passado.
Não quero ser pessimista mas se essa coisa de interação através de
energia realmente funcionasse, toda vez que um onanista praticasse
seu idolatrado ato solitário, o objeto da homenagem em questão,
teria no mínimo, um comichão daqueles.